User:GrupoEAN2019

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Educação alimentar e nutricional[edit]

Definição[edit]

A educação alimentar e nutricional trata-se de um tema pouco pesquisado e de difícil aplicação, principalmente pela dificuldade em defini-la. À respeito disso, o Marco de referência de educação alimentar e nutricional para políticas públicas[1] (Ministério do Desenvolvimento Social, Brasília) traz um conceito sobre a EAN, como um: (...) "campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis. A prática da EAN deve fazer uso de abordagens e recursos educacionais problematizadores e ativos que favoreçam o diálogo junto a indivíduos e grupos populacionais, considerando todas as fases do curso da vida, etapas do sistema alimentar e as interações e significados que compõem o comportamento alimentar." (p. 23).

Dessa forma, após 2012, com a criação do Marco, o tema de EAN passou a ganhar um maior destaque, os estudos a respeito de EAN se tornaram cada vez mais frequentes na literatura, despertando nos pesquisadores a vontade de conhecer mais esse assunto ainda tão pouco explorado.

Histórico[edit]

A EAN, entre as décadas de 1940 e 1960, esteve baseada na ideia da ignorância, que era considerado principal motivo da desnutrição na população mais pobre, grupo para o qual ações educativas eram destinadas. As políticas de alimentação e nutrição estavam voltadas à prática de educar essa população através de diversas ações e campanhas, como as de introdução a alimentos não conhecidos. Dessa maneira, buscava-se uma mudança no comportamento alimentar da classe de baixa renda, através do desenvolvimento de instrumentos que os ensinassem a comer (CAIXETA NETO, 2013)[2].

Segundo Caixeta Neto2, a partir da década de 1970, há uma importante mudança no paradigma, já que o fator econômico da alimentação passa a ganhar um maior destaque em detrimento do fator educacional. Sendo assim, o principal motivo responsável pela falta de acesso a uma alimentação adequada e saudável seriam as condições socioeconômicas do indivíduo. Com isso, partindo da criação de políticas públicas, o fator que teria um maior destaque seria o de suplementação alimentar.

A partir de meados da década de 1980, segundo Santos (2005)[3], a educação alimentar e nutricional foi se tornando mais crítica, se atentando para si mesma e refletindo sobre certa incapacidade em promover mudanças nas práticas alimentares de forma isolada.

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) do ano de 1999 é vista como um dos marcos legitimadores dessa busca de uma nova direção das políticas nutricionais, contestando o antigo paradigma assistencialista que se desenvolvia desde a década de 1970, restrito aos trabalhadores e grupos de risco. Para mais, a urgência do combate à doenças crônicas não transmissíveis e outras mazelas influenciadas por más condutas alimentares, como a obesidade, também passa a ser alvo de políticas públicas, juntamente com a fome e a desnutrição (CAIXETA NETO, 2013)[2].

Entretanto parece haver um paradoxo: na medida em que a educação alimentar e nutricional é valorizada e deve estar presente em todo lugar, ela não é vista de forma prática e clara, com normas e passos a serem utilizados, a fim de aplicar a EAN (SANTOS, 2005)[3].

Ainda assim, os conceitos de segurança alimentar e nutricional (SAN) e de educação alimentar e nutricional parecem se complementar, se fortalecerem juntos e são importantes mutuamente para a garantia da visão da alimentação adequada como direito humano, juntamente com a promoção da saúde (SANTOS, 2005)[3]. Programas como Bolsa Família, Fome Zero e Programa Nacional de Alimentação Escolar são exemplos de políticas criadas com base nessas ideias. Além disso, órgãos como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) foram criados, entre outras coisas, para aumentar a discussão e aplicação desses conceitos.

Exemplos práticos de educação alimentar e nutricional[edit]

Com essa dinâmica entre os conceitos e criação de órgãos, é possível coletar na literatura ou em depoimentos algumas aplicações concretas de políticas públicas ou atuações individuais que abordem ou levem em consideração os preceitos da educação alimentar e nutricional.

Alguns exemplos específicos de medidas de educação alimentar e nutricional encontrados foram: uma estratégia através de atividades educativas para promover alimentação saudável e reduzir o desperdício de alimentos em uma instituição filantrópica do Distrito Federal, que obteve sucesso entre alunos, pais e funcionários[4]; e a introdução de plantas alimentícias não convencionais (PANCs) em escolas do Rio Grande do Sul, em que permitiu aos alunos terem conhecimento sobre essas plantas, ter uma alimentação mais diversificada no cardápio escolar, criar uma horta dentro desse ambiente e desenvolver hábitos mais saudáveis[5].

Outro exemplo foi visto em uma sequência de atividades desenvolvida por uma nutricionista, com frequentadores da Praça do Idoso, no jardim público de Tupi Paulista, acerca de informações nutricionais contidas nos rótulos dos alimentos. No fim dessas atividades, foi relatado que através desse conhecimento adquirido, os participantes foram capazes de entender melhor os rótulos e ter escolhas alimentares saudáveis5.

Em relação a ações mais gerais e abrangentes no Brasil, na segunda conferência da CNSAN (Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), que ocorreu em 2004, foi realizado um relatório final que abordou diretrizes e apontou caminhos sobre a EAN, e dizia, segundo Santos[3]: "promover ações educativas e de difusão de informação com apoio dos meios de comunicação e campanhas publicitárias na perspectiva de orientar a população quanto ao uso integral dos alimentos; ao resgate e incentivo ao consumo regionais brasileiros de alto valor nutritivo, […]; à importância da educação nutricional como forma de prevenção de doenças e deficiências relacionadas à alimentação e à nutrição - tanto desnutrição quanto às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) como sobrepeso e obesidade -; e à garantia higiênico-sanitária dos alimentos, bem como da sua origem genética e procedência". (p.7).

Além disso, pode-se observar exemplos em um plano ainda mais macro e geral da aplicação de EAN, como a estratégia global para a promoção da alimentação saudável, atividade física e saúde que foi lançada em 2003 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa estratégia possuía como filosofia, adotar ações com o intuito de produzir maior conhecimento a respeito de alimentação e nutrição, com o auxílio da divulgação por meios de comunicação (SANTOS, 2005)[3].

Considerações finais[edit]

No entanto, a dificuldade em definir e explicar aos diversos setores da sociedade e, principalmente, ao governo durante a aplicação de suas políticas públicas, sobre o que é a educação alimentar e nutricional e quais as orientações para aplicá-la, é um fator que serve como importante obstáculo para a difusão e execução de medidas voltadas a EAN nos mais diversos meios da sociedade.

De acordo com o Marco de referência, há a falta de definição no plano de ações da EAN e de investimento na capacitação dos profissionais para haver melhor planejamento. Além disso, são poucos os exemplos realizados com sucesso divulgados e que compartilhem os seus passos práticos a serem aplicados em outras ações de EAN.

Portanto, devido a esses fatores é que se mostra necessária a pesquisa e a divulgação a respeito da EAN, pois apesar de já estar sendo discutida desde a década de 1940, no Brasil só nos últimos anos é que o tema ganhou maior notoriedade (RAMOS et al., 2013)[6]. Dessa maneira, mostra-se de extrema importância o estímulo a produções na literatura que abordem esse tema de forma mais prática, sem as amarras exclusivas do processo descritivo teórico, mas englobando o prático.  Ademais, a divulgação do tema para a sociedade civil deve ter grande relevância, visto que se trata de um assunto que deve ser de apropriação de todos os indivíduos, para dessa forma, desenvolver hábitos alimentares mais saudáveis.  

Referências[edit]

1. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/marco_EAN.pdf. Acesso em:19 de março de 2019.

2. CAIXETA NETO, A. G. Educação alimentar e nutricional: histórico e políticas. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n. 179, abr. 2013, ano 18. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd179/educacao-alimentar-e-nutricional.htm. Acesso em: 19 de março de 2019.

3. SANTOS, L. A. S. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Revista de Nutrição, Campinas, v. 18, n. 5, p. 681-692, set./out. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732005000500011. Acesso em: 19 de março de 2019.</ref>

4. Conselho Regional de Nutricionista da 1º Região-Estratégias de Educação Alimentar e Nutricional para promoção da alimentação saudável e redução do desperdício. Brasília; 2015. Disponível em: http://www.crn1.org.br/materia/estrategias-de-educacao-alimentar-e-nutricional-para-promocao-da-alimentacao-saudavel-e-reducao-do-desperdicio/ . Acesso em: 20 de março de 2019.

5. REDE VIRTUAL IDEIAS NA MESA. Um passeio pela nossa rede de experiências. Revista Ideias na Mesa, Brasília, 2016. 8 edição, p. 7-8. Disponível em: https://ideiasnamesa.unb.br/index.php?r=bibliotecaIdeias/view&id=423. Acesso em: 20 de março de 2019.

6. RAMOS, F. P. et al. Educação alimentar e nutricional em escolares: uma revisão de literatura. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, n. 11, p. 2147-2161, nov. 2013. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csp/2013.v29n11/2147-2161. Acesso em: 20 de março de 2019.

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